"...jazz é como um estilo que pode ser aplicado a qualquer tipo de canção." Jelly Roll Morton
sábado, 31 de dezembro de 2011
Os grandes momentos do jazz (4)
A bandeira do jazz fusion.
O espectáculo da banda de Jaco Pastorius e de Zawinul, considerado por muitos o melhor teclista do mundo.
Os grandes momentos do jazz (3)
Exposta neste video, toda a mestria do genial pianista que era Duke Ellington, numa fabulosa interpretação do classico Take the A-train, de Billy Strayhorn.
Em 1939 quando Duke conheceu Strayhorn, convidou-o para a sua banda e deu-lhe as instruções de como apanhar o metro em NY para o Harlem, e o primeiro ponto era: take the a train.
Quando Billy chegou ao ensaio tinha composto uma peça a que chamou justamente, "Take the A-Train".
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
Os grandes momentos do jazz (2)
Uma belíssima peça histórica: a alegria de Louis Armstrong interpretando Hello Dolly.
Os grandes momentos do jazz (1)
The Dave Brubeck Quartet, com Brubeck no piano, Paul Desmond no sax, joe Morello na bateria e Gene Wright no contrabaixo.
Composição escrita por Paul Desmond, que deixou os direitos de autor á Cruz Vermelha Americana. Do álbum Time out (1959) do "The Dave Brubeck Quartet". Possui notórias versões das quais destaco a de Aziza Mustapha Zadeh, a da cantora sueca Monica Zetterlund, e uma ao vivo com Al Jarreau.
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
New Orleans: Bix Beiderbecke
Bix Beiderbecke,(Davenport, Iowa, 10 de março de 1903 — Queens, 6 de agosto de 1931), Cornetista e pianista, o rival branco de Armstrong.
Trata-se de uma das primeiras figuras da historia do jazz e um dos seus grandes inovadores. Possuía um elegante e distintivo tom, e um espectacular e original estilo de improvisação. Foi considerado o rival branco de Louis Armstrong, muito embora não seja uma comparação fácil devido à diferença de estilo e de som entre os dois.
Beiderbecke começou na musica muito prematuramente: há noticias de que aos três anos já tocava qualquer coisa no piano. Influenciado por Nick La Rocca, Beiderbecke mostra-se disposto a dedicar-se ao jazz, mas seus pais consideram isso uma frivolidade e é enviado para a academia militar de Lake Forest em 1921, que afortunadamente se encontra perto de Chicago, o centro do jazz nessa época. Beiderbecke é expulso por suas constantes fugas da academia e, após um breve período em casa converte-se em musico profissional. Em 1923, Beiderbecke é o cornetista estrela dos Wolverines e um ano mais tarde começaria a gravar com o grupo.
Em finais de 1924, abandona o grupo para se unir à orquestra de Jean Goldkette mas a sua incapacidade para ler música obriga-o a abandonar. Em 1925, está em Chicago tentando colmatar essa falha. No ano seguinte está com a orquesta de Frankie Trumbauer em São Luis. Dependente já nesta altura do álcool, 1927 seria no entanto o ano mais importante para Bix. Trabalha com a orquesta de Jean Goldkette, grava sua obra prima ao piano, "In a Mist" (um de seus quatro originais inspirados em Debussy), grava alguns temas clássicos com um pequeno grupo liderado por Trumbauer (incluindo seus grandes solos "Singin' the Blues", "I'm Comin' Virginia" e "Way Down Yonder in New Orleans"), e afirma-se na importante orquesta de Paul Whiteman.
Con Whiteman, os solos de Beiderbecke serão breves momentos mágicos; seu brilhante solo em "Sweet Sue" é um perfeito exemplo disso. Esteve plenamente produtivo até 1928, mas no ano seguinte o alcoolismo começa a criar-lhe problemas. Beiderbecke tem que descansar, finalmente em Setembro de 1929 irá recuperar para Davenport. Em 1930 realiza gravações transcendentes, as últimas que fará antes de morrer. Em 6 de Agosto de 1931, Beiderbecke tem um ataque de delírium trémens, provocado pelo alcoolismo, em seu apartamento de New York. Sem ninguém ao seu lado para o ajudar, morre aos 28 anos.
Trata-se de uma das primeiras figuras da historia do jazz e um dos seus grandes inovadores. Possuía um elegante e distintivo tom, e um espectacular e original estilo de improvisação. Foi considerado o rival branco de Louis Armstrong, muito embora não seja uma comparação fácil devido à diferença de estilo e de som entre os dois.
Beiderbecke começou na musica muito prematuramente: há noticias de que aos três anos já tocava qualquer coisa no piano. Influenciado por Nick La Rocca, Beiderbecke mostra-se disposto a dedicar-se ao jazz, mas seus pais consideram isso uma frivolidade e é enviado para a academia militar de Lake Forest em 1921, que afortunadamente se encontra perto de Chicago, o centro do jazz nessa época. Beiderbecke é expulso por suas constantes fugas da academia e, após um breve período em casa converte-se em musico profissional. Em 1923, Beiderbecke é o cornetista estrela dos Wolverines e um ano mais tarde começaria a gravar com o grupo.
Em finais de 1924, abandona o grupo para se unir à orquestra de Jean Goldkette mas a sua incapacidade para ler música obriga-o a abandonar. Em 1925, está em Chicago tentando colmatar essa falha. No ano seguinte está com a orquesta de Frankie Trumbauer em São Luis. Dependente já nesta altura do álcool, 1927 seria no entanto o ano mais importante para Bix. Trabalha com a orquesta de Jean Goldkette, grava sua obra prima ao piano, "In a Mist" (um de seus quatro originais inspirados em Debussy), grava alguns temas clássicos com um pequeno grupo liderado por Trumbauer (incluindo seus grandes solos "Singin' the Blues", "I'm Comin' Virginia" e "Way Down Yonder in New Orleans"), e afirma-se na importante orquesta de Paul Whiteman.
Con Whiteman, os solos de Beiderbecke serão breves momentos mágicos; seu brilhante solo em "Sweet Sue" é um perfeito exemplo disso. Esteve plenamente produtivo até 1928, mas no ano seguinte o alcoolismo começa a criar-lhe problemas. Beiderbecke tem que descansar, finalmente em Setembro de 1929 irá recuperar para Davenport. Em 1930 realiza gravações transcendentes, as últimas que fará antes de morrer. Em 6 de Agosto de 1931, Beiderbecke tem um ataque de delírium trémens, provocado pelo alcoolismo, em seu apartamento de New York. Sem ninguém ao seu lado para o ajudar, morre aos 28 anos.
New Orleans: Sidney Bechet
Sidney Bechet, New Orleans 14 de maio de 1897 - París 14 de maio de 1959
Bechet começou a tocar clarinete aos 6 anos de idade, sendo assinalado pelos seus contemporâneos como um menino prodígio nesse instrumento.
Integrou varias "brass bands" de New Orleans até se mudar para Chicago, em 1917 onde toca com Freddie Keppard e Joe "King" Oliver.
Em 1919 viajou para a Europa com a Southern Syncopated Orchestra de Will Marion Cook, onde alem de tocar clarinete, executou uma peça num pequeno acordeon. As suas apresentações em Londres chamam a atenção do director de orquestra Ernest Ansermet, que lhe dedicou uma elogiosa passagem num artigo de opinião de uma revista especializada, a qual segundo se afirma, foi a primera crítica periodística sobre um músico de jazz: onde se afirmava "Sidney Bechet é un génio."
Na sua estadia em Londres interessa-se pelo saxofone soprano, instrumento que adopta e utiliza cada vez com mais frequência do que o clarinete.
De regresso aos Estados Unidos em 1922, a Nova Iorque, grava o seu primeiro registo discográfico, em 30 de Julho de 1923, com a Clarence Williams Blue Five: os temas Wild Cat Blues e Kansas City Man Blues.
Entre 1924 e 1925 realizou uma serie de memoráveis gravações com Louis Armstrong, que também havia integrado os conjuntos de Clarence Williams.
Em 1925, tocando na orquesta Revue Négre, acompanha Joséphine Baker para Paris, permanecendo na Europa até 1931, visitando diversos países e passando quase um ano numa prisão francesa em 1928, por envolvimento numa briga entre musicos.
Depois daquele "retrocesso" de 11 meses, continua correndo a Europa, regressando novamente aos Estados Unidos onde ingressa na orquestra Nobble Sissle. Em 1932 forma com o trompetista Tommy Ladnier um grupo chamado The New Orleans Feetwarmers, com a qual grava seis títulos de notória qualidade (entre eles Maple Leaf Rag).
A partir de 1938, empreende uma carreira como líder de diversas agrupações, sendo parte importante da corrente revivalista do jazz de New Orleans, tocando e gravando em diferentes cidades e circunstâncias, produzindo abundante material onde o saxofone soprano era a voz líder dos conjuntos.
Em 1939 realiza uma serie de gravações para o recentemente criado selo discográfico Blue Note, de Alfred Lion, entre as quais sobressai uma excelente e inovadora versão instrumental do clássico de George Gershwin "Summertime".
Em 1941 realiza uma experiênçia inédita para a época: uma sessão na qual interpreta seis instrumentos (clarinete, saxofone soprano, saxofone tenor, piano, contrabaixo e batería), que são gravados uma pista sobre a outra, para constituir a Sidney Bechet's one man band, o primeiro intento de gravação de um só musico que se tenha noticia.
Em 1949 viaja para França para participar no Festival de Jazz de París, na Salle Pleyel. Suas interpretações cativam o publico francês e no ano seguinte volta a París onde se estabelece definitivamente, convertendo-se numa celebridade do movimento de jazz tradicional francês, integrando as formações dos clarinetistas Claude Luter e André Reweliotty.
Em 1951 contrai matrimonio con Elisabeth Ziegler (com quem havia tido uma relação em Berlin na década de 1920), numa cerimonia apoteótica que teve lugar na vila de Juan-Les-Pins. Nesse ano compõe um dos seus maiores êxitos, Petite Fleur.
Em 1954 nasce seu único filho, Daniel, e depois de quase dez anos de residência permanente em França, com várias apresentações por toda a Europa, varios discos de ouro e muitos êxitos. Cai doente de cancro de pulmão, falecendo em París em 14 de Maio de 1959, no mesmo dia em que cumpria 62 anos.
"Bechet foi para mim o verdadeiro epítome do jazz... tudo o que ele tocou ao longo de toda a sua vida foi completamente original. Honestamente penso que ele foi o unico homem que eu queria ser nesta musica." —Duke Ellington
Bechet começou a tocar clarinete aos 6 anos de idade, sendo assinalado pelos seus contemporâneos como um menino prodígio nesse instrumento.
Integrou varias "brass bands" de New Orleans até se mudar para Chicago, em 1917 onde toca com Freddie Keppard e Joe "King" Oliver.
Em 1919 viajou para a Europa com a Southern Syncopated Orchestra de Will Marion Cook, onde alem de tocar clarinete, executou uma peça num pequeno acordeon. As suas apresentações em Londres chamam a atenção do director de orquestra Ernest Ansermet, que lhe dedicou uma elogiosa passagem num artigo de opinião de uma revista especializada, a qual segundo se afirma, foi a primera crítica periodística sobre um músico de jazz: onde se afirmava "Sidney Bechet é un génio."
Na sua estadia em Londres interessa-se pelo saxofone soprano, instrumento que adopta e utiliza cada vez com mais frequência do que o clarinete.
De regresso aos Estados Unidos em 1922, a Nova Iorque, grava o seu primeiro registo discográfico, em 30 de Julho de 1923, com a Clarence Williams Blue Five: os temas Wild Cat Blues e Kansas City Man Blues.
Entre 1924 e 1925 realizou uma serie de memoráveis gravações com Louis Armstrong, que também havia integrado os conjuntos de Clarence Williams.
Em 1925, tocando na orquesta Revue Négre, acompanha Joséphine Baker para Paris, permanecendo na Europa até 1931, visitando diversos países e passando quase um ano numa prisão francesa em 1928, por envolvimento numa briga entre musicos.
Depois daquele "retrocesso" de 11 meses, continua correndo a Europa, regressando novamente aos Estados Unidos onde ingressa na orquestra Nobble Sissle. Em 1932 forma com o trompetista Tommy Ladnier um grupo chamado The New Orleans Feetwarmers, com a qual grava seis títulos de notória qualidade (entre eles Maple Leaf Rag).
A partir de 1938, empreende uma carreira como líder de diversas agrupações, sendo parte importante da corrente revivalista do jazz de New Orleans, tocando e gravando em diferentes cidades e circunstâncias, produzindo abundante material onde o saxofone soprano era a voz líder dos conjuntos.
Em 1939 realiza uma serie de gravações para o recentemente criado selo discográfico Blue Note, de Alfred Lion, entre as quais sobressai uma excelente e inovadora versão instrumental do clássico de George Gershwin "Summertime".
Em 1941 realiza uma experiênçia inédita para a época: uma sessão na qual interpreta seis instrumentos (clarinete, saxofone soprano, saxofone tenor, piano, contrabaixo e batería), que são gravados uma pista sobre a outra, para constituir a Sidney Bechet's one man band, o primeiro intento de gravação de um só musico que se tenha noticia.
Em 1949 viaja para França para participar no Festival de Jazz de París, na Salle Pleyel. Suas interpretações cativam o publico francês e no ano seguinte volta a París onde se estabelece definitivamente, convertendo-se numa celebridade do movimento de jazz tradicional francês, integrando as formações dos clarinetistas Claude Luter e André Reweliotty.
Em 1951 contrai matrimonio con Elisabeth Ziegler (com quem havia tido uma relação em Berlin na década de 1920), numa cerimonia apoteótica que teve lugar na vila de Juan-Les-Pins. Nesse ano compõe um dos seus maiores êxitos, Petite Fleur.
Em 1954 nasce seu único filho, Daniel, e depois de quase dez anos de residência permanente em França, com várias apresentações por toda a Europa, varios discos de ouro e muitos êxitos. Cai doente de cancro de pulmão, falecendo em París em 14 de Maio de 1959, no mesmo dia em que cumpria 62 anos.
"Bechet foi para mim o verdadeiro epítome do jazz... tudo o que ele tocou ao longo de toda a sua vida foi completamente original. Honestamente penso que ele foi o unico homem que eu queria ser nesta musica." —Duke Ellington
New Orleans: Louis Armstrong
Louis Armstrong (New Orleans, 4 de agosto de 1901 — Nova Iorque, 6 de julho de 1971), o profeta do jazz.
Louis Armstrong é, sem dúvida, o músico de jazz mais conhecido do público em todo o mundo. A sua figura e a sua voz são inconfundíveis, até para quem não é apreciador de jazz.
Nascido em Storyville, o distrito de New Orleans famoso pelo seu ambiente, digamos, diversificado, que incluía de bordéis até igrejas, passando por espeluncas diversas, Louis Daniel Armstrong passou a infância mergulhado numa grande pobreza. O seu pai abandonou a família asssim que Louis nasceu. Dividindo o seu tempo entre a liberdade das ruas e o trabalho para ajudar a família, o pequeno Louis tornou-se uma criança extremamente esperta e adaptada à vida difícil. Conseguiu comprar uma corneta e, sozinho, começou a aprender a tocá-la. Também cantava com um grupo pelas ruas para ganhar mais uns trocos. Na noite do ano novo de 1912, por brincadeira, atirou para o ar com um revólver, e por isso foi enviado para um reformatório, onde passaria um ano e meio. Curiosamente, foi no reformatório que começou a ter um contato intensivo com a música, tocando bugle e corneta na banda da instituição. Quando foi posto em liberdade começou a tocar onde fosse possível, dentre as inúmeras bandas que pululavam por New Orleans - uma música que, no entanto, ainda não era o jazz.
Armstrong era possuidor de uma extraordinária musicalidade inata, que somada à disciplina técnica que havia adquirido na banda do reformatório, capacitaram-no a tocar num estilo pessoal, incisivo e virtuoso que ultrapassava o estilo reinante em New Orleans naquele tempo. Por volta de 1917, Joe “King” Oliver, percebendo o talento do jovem, tomou Armstrong sob sua proteção, e quando foi para Chicago em 1918, recomendou Armstrong para substituí-lo na banda de Kid Ory. Louis tocou com a banda de Fate Marable entre 1919 e 1921, e em 1922 foi para Chicago para se juntar novamente a Oliver. Em 1924 casou-se com Lillian Hardin, a pianista do conjunto de Oliver (a segunda de suas quatro esposas). Incentivado po Lillian, Louis deixou Oliver e entrou para a orquestra de Fletcher Henderson em Nova Iorque, com quem ficaria pouco mais de um ano.
A estréia de Armstrong como líder deu-se em 12 de novembro de 1925. Nos anos seguintes, Armstrong gravaria muito, com os Hot Five de 1925-1926, os Hot Seven de 1927 e os Hot Five de 1928 - os melhores (com seis integrantes), com Earl Hines ao piano. Toda essa série de gravações é absolutamente antológica, e ocupa um lugar central na história do jazz. Nelas, o gênio de Armstrong revela-se na sua plenitude. Durante esse período, Armstrong trabalha tambem com inúmeras orquestras. É por essa época que troca definitivamente a corneta pelo trompete. A partir de 1929, Armstrong deixa os conjuntos pequenos e passa dezenove anos trabalhando apenas à frente de grandes orquestras, sempre como estrela absoluta. Em 1932 e 1933 faz suas primeiras turnês pela Europa. Em 1938, após o divorcio de Lilian, Louis casa-se com Alpha Smith. Em 1942 casa-se com Lucille Wilson, que seria sua esposa até o fim da vida. Nos anos 40, especialmente com o declínio do swing no pós-guerra, a música de Armstrong começa a ser considerada pelo público como um tanto fora de moda. Em 1948 forma o Louis Armstrong and His All Stars, um sexteto de grandes músicos, nos moldes do seu segundo Hot Five, agora com a participação do ex-clarinetista de Duke Ellington, Barney Bigard, o notável trombonista Jack Teagarden, o baixista Arvel Shaw, o grande baterista Sid Catlett, e o mestre Earl Hines ao piano. Esse conjunto revela-se o contexto ideal para a arte de Armstrong, e com ele faz turnês por todo o mundo. No entanto, com o passar do tempo, ocorreram sucessivas mudanças no pessoal dos All Stars, o padrão musical caiu sensivelmente, e a música tornou-se mais previsível.
Nos anos 50 e 60, Armstrong tornou-se uma celebridade sem paralelo no mundo da música popular, graças não só às suas turnês e gravações, mas também, às suas participações em filmes. Apesar de ter sofrido um ataque cardíaco em 1959, continuou ativo e realizando concertos. Enfrentou algumas críticas por parte dos ativistas negros norte-americanos, pelo fato de não militar mais ativamente no movimento dos direitos civis. Porém é preciso lembrar que, naquela época, Louis já se aproximava dos 60 anos de idade, e pertencia a uma geração diferente daquela que estava assumindo a linha de frente dos protestos e da militância no final dos anos 50 e ao longo dos anos 60. Armstrong trabalhou até os seus últimos dias, e morreu dormindo em sua casa, em Nova Iorque, em 6 de julho de 1971.
Numa avaliação objetiva, no plano musical, toda a fama de Armstrong, de proporções quase mitológicas, é plenamente merecida. Efectivamente foi Satchmo quem redefiniu o jazz, e foi o seu primeiro grande virtuoso. Em primeiro lugar, Armstrong expandiu os limites de seu instrumento, ampliando a extensão do trompete até notas consideradas inacessíveis aos executantes anteriores, de tão agudas. Seu som é límpido e quente, com um vibrato absolutamente regular nos finais de frases, como poucos na história do jazz. Seu fraseado é admiravelmente focalizado e, acima de tudo, inventivo: Armstrong inicia e termina as frases em pontos que nunca são óbvios. Na improvisação possui uma imaginação que parece inesgotável. A influência de Armstrong pode ter sido mais directa ou indirecta, dependendo das épocas e dos estilos em voga, porém nunca desapareceu completamente; está presente em todo o jazz.
Com o passar dos anos, Louis começou a cantar cada vez mais, às vezes até mais do que tocar, e foi principalmente essa imagem que ficou gravada no inconsciente coletivo - a de cantor e entertainer, mais do que trompetista. Alguns críticos consideram a propensão cada vez maior de Armstrong para cantar como um sinal claro de declínio ou acomodação no plano musical. Porém é preciso entender o canto de Armstrong como sendo mais uma faceta do seu enorme talento. Com uma voz singular e sem paralelo na história da música - embora se tenha freqüentemente tentado imitá-la - Armstrong era um grande cantor. O timbre rouco e grave teria sido considerado "esquisito" em qualquer outro contexto, porém para o jazz mostrava ser um instrumento admirável. A entonação aparentemente “preguiçosa” escondia um timing perfeito e um sentido rítmico impecável, que dava a cada frase o recorte perfeito. Uma outra característica única da voz de Armstrong era a maneira pela qual ele mantinha o vibrato mesmo nas consoantes finais das palavras (“ar-r-r-r-r”, “is-z-z-z-z”, etc). Finalmente, deve-se destacar que ele era um cantor intenso e imensamente expressivo, que valorizava cada verso da letra na medida exacta.
E, acima de tudo, Armstrong demonstrou, ao longo de toda a carreira, possuir uma personalidade generosa, em termos tanto humanos como musicais.
Louis Armstrong é, sem dúvida, o músico de jazz mais conhecido do público em todo o mundo. A sua figura e a sua voz são inconfundíveis, até para quem não é apreciador de jazz.
Nascido em Storyville, o distrito de New Orleans famoso pelo seu ambiente, digamos, diversificado, que incluía de bordéis até igrejas, passando por espeluncas diversas, Louis Daniel Armstrong passou a infância mergulhado numa grande pobreza. O seu pai abandonou a família asssim que Louis nasceu. Dividindo o seu tempo entre a liberdade das ruas e o trabalho para ajudar a família, o pequeno Louis tornou-se uma criança extremamente esperta e adaptada à vida difícil. Conseguiu comprar uma corneta e, sozinho, começou a aprender a tocá-la. Também cantava com um grupo pelas ruas para ganhar mais uns trocos. Na noite do ano novo de 1912, por brincadeira, atirou para o ar com um revólver, e por isso foi enviado para um reformatório, onde passaria um ano e meio. Curiosamente, foi no reformatório que começou a ter um contato intensivo com a música, tocando bugle e corneta na banda da instituição. Quando foi posto em liberdade começou a tocar onde fosse possível, dentre as inúmeras bandas que pululavam por New Orleans - uma música que, no entanto, ainda não era o jazz.
Armstrong era possuidor de uma extraordinária musicalidade inata, que somada à disciplina técnica que havia adquirido na banda do reformatório, capacitaram-no a tocar num estilo pessoal, incisivo e virtuoso que ultrapassava o estilo reinante em New Orleans naquele tempo. Por volta de 1917, Joe “King” Oliver, percebendo o talento do jovem, tomou Armstrong sob sua proteção, e quando foi para Chicago em 1918, recomendou Armstrong para substituí-lo na banda de Kid Ory. Louis tocou com a banda de Fate Marable entre 1919 e 1921, e em 1922 foi para Chicago para se juntar novamente a Oliver. Em 1924 casou-se com Lillian Hardin, a pianista do conjunto de Oliver (a segunda de suas quatro esposas). Incentivado po Lillian, Louis deixou Oliver e entrou para a orquestra de Fletcher Henderson em Nova Iorque, com quem ficaria pouco mais de um ano.
A estréia de Armstrong como líder deu-se em 12 de novembro de 1925. Nos anos seguintes, Armstrong gravaria muito, com os Hot Five de 1925-1926, os Hot Seven de 1927 e os Hot Five de 1928 - os melhores (com seis integrantes), com Earl Hines ao piano. Toda essa série de gravações é absolutamente antológica, e ocupa um lugar central na história do jazz. Nelas, o gênio de Armstrong revela-se na sua plenitude. Durante esse período, Armstrong trabalha tambem com inúmeras orquestras. É por essa época que troca definitivamente a corneta pelo trompete. A partir de 1929, Armstrong deixa os conjuntos pequenos e passa dezenove anos trabalhando apenas à frente de grandes orquestras, sempre como estrela absoluta. Em 1932 e 1933 faz suas primeiras turnês pela Europa. Em 1938, após o divorcio de Lilian, Louis casa-se com Alpha Smith. Em 1942 casa-se com Lucille Wilson, que seria sua esposa até o fim da vida. Nos anos 40, especialmente com o declínio do swing no pós-guerra, a música de Armstrong começa a ser considerada pelo público como um tanto fora de moda. Em 1948 forma o Louis Armstrong and His All Stars, um sexteto de grandes músicos, nos moldes do seu segundo Hot Five, agora com a participação do ex-clarinetista de Duke Ellington, Barney Bigard, o notável trombonista Jack Teagarden, o baixista Arvel Shaw, o grande baterista Sid Catlett, e o mestre Earl Hines ao piano. Esse conjunto revela-se o contexto ideal para a arte de Armstrong, e com ele faz turnês por todo o mundo. No entanto, com o passar do tempo, ocorreram sucessivas mudanças no pessoal dos All Stars, o padrão musical caiu sensivelmente, e a música tornou-se mais previsível.
Nos anos 50 e 60, Armstrong tornou-se uma celebridade sem paralelo no mundo da música popular, graças não só às suas turnês e gravações, mas também, às suas participações em filmes. Apesar de ter sofrido um ataque cardíaco em 1959, continuou ativo e realizando concertos. Enfrentou algumas críticas por parte dos ativistas negros norte-americanos, pelo fato de não militar mais ativamente no movimento dos direitos civis. Porém é preciso lembrar que, naquela época, Louis já se aproximava dos 60 anos de idade, e pertencia a uma geração diferente daquela que estava assumindo a linha de frente dos protestos e da militância no final dos anos 50 e ao longo dos anos 60. Armstrong trabalhou até os seus últimos dias, e morreu dormindo em sua casa, em Nova Iorque, em 6 de julho de 1971.
Numa avaliação objetiva, no plano musical, toda a fama de Armstrong, de proporções quase mitológicas, é plenamente merecida. Efectivamente foi Satchmo quem redefiniu o jazz, e foi o seu primeiro grande virtuoso. Em primeiro lugar, Armstrong expandiu os limites de seu instrumento, ampliando a extensão do trompete até notas consideradas inacessíveis aos executantes anteriores, de tão agudas. Seu som é límpido e quente, com um vibrato absolutamente regular nos finais de frases, como poucos na história do jazz. Seu fraseado é admiravelmente focalizado e, acima de tudo, inventivo: Armstrong inicia e termina as frases em pontos que nunca são óbvios. Na improvisação possui uma imaginação que parece inesgotável. A influência de Armstrong pode ter sido mais directa ou indirecta, dependendo das épocas e dos estilos em voga, porém nunca desapareceu completamente; está presente em todo o jazz.
Com o passar dos anos, Louis começou a cantar cada vez mais, às vezes até mais do que tocar, e foi principalmente essa imagem que ficou gravada no inconsciente coletivo - a de cantor e entertainer, mais do que trompetista. Alguns críticos consideram a propensão cada vez maior de Armstrong para cantar como um sinal claro de declínio ou acomodação no plano musical. Porém é preciso entender o canto de Armstrong como sendo mais uma faceta do seu enorme talento. Com uma voz singular e sem paralelo na história da música - embora se tenha freqüentemente tentado imitá-la - Armstrong era um grande cantor. O timbre rouco e grave teria sido considerado "esquisito" em qualquer outro contexto, porém para o jazz mostrava ser um instrumento admirável. A entonação aparentemente “preguiçosa” escondia um timing perfeito e um sentido rítmico impecável, que dava a cada frase o recorte perfeito. Uma outra característica única da voz de Armstrong era a maneira pela qual ele mantinha o vibrato mesmo nas consoantes finais das palavras (“ar-r-r-r-r”, “is-z-z-z-z”, etc). Finalmente, deve-se destacar que ele era um cantor intenso e imensamente expressivo, que valorizava cada verso da letra na medida exacta.
E, acima de tudo, Armstrong demonstrou, ao longo de toda a carreira, possuir uma personalidade generosa, em termos tanto humanos como musicais.
Subscrever:
Mensagens (Atom)