"...jazz é como um estilo que pode ser aplicado a qualquer tipo de canção." Jelly Roll Morton
domingo, 5 de fevereiro de 2012
As herdeiras da tradição vocal, Parte 2
Se as cantoras de jazz de outros tempos tinham uma infância sofrida, cresciam e viviam num ambiente de violência, e o envolvimento com as drogas e o álcool era constante, as cantoras de hoje têm oportunidades diferentes, com trajectórias de carreira bem menos sofridas. Exemplo disso será o de Billie Holiday, cuja morte aos 43 anos de overdose, a impediu de ter uma carreira ainda mais brilhante. É claro que o talento nunca dependerá disso, mas que esses factores ajudam, e muito, é inegável.
Diana Krall, Melody Gardot, Aziza Mustafa Zadeh, Maria João e Patricia Barber são cinco grandes vozes do jazz feminino contemporâneo, com carreiras consolidadas e que ainda vislumbram novas conquistas a nível mundial no cenário musical do jazz.
Diana Krall é a grande diva do Jazz actual. Nascida a 16 de novembro de 1964 em Nanaimo, na Columbia Británica, esta canadense vendeu mais discos que qualquer outro artista de jazz entre 1990 e 2000. É a unica cantora de jazz com oito álbuns estreando no top de álbuns de jazz da Billboard. Já ganhou três Grammy Awards e oito prémios Juno.
A carreira de Krall explodiu em 1999 após assinar com a Verve e o seu álbum de estreia para esta editora, When I Look in Your Eyes, vencer o Grammy para Best Jazz Vocal e tornar-se o primeiro disco de jazz a ser nomesdo para Álbum do Ano em vinte e cinco anos.
Em 2002, The Look of Love, tornou-se numero um nos EUA, e venceu cinco discos de platina no Canadá.
Com uma carreira sempre em alta, e com uma critica optimista do seu lado, Diana Krall continua a ser uma das principais vozes do jazz com o seu mais recente CD, Quiet Nights.
Aziza Mustafa Zadeh, a Princesa do Jazz, ou "Jazzizza", nome que o seu pai lhe chamava, nasceu em Baku no Azerbaijão, em 19 de dezembro de 1969. Filha do falecido pianista Vagif Mustafa Zadeh, pioneiro da fusão entre o jazz e a musica autóctone do Azerbaijão, é também ela uma pianista, cantora e compositora de grande sucesso.
A sua paixão pelo jazz e pelo canto e sons tradicionais do Azerbaijão, criaram o seu estilo original de música, uma fusão entre o Oriente e o Ocidente.
A sua músicas para além de mostrar influências de Keith Jarrett, mistura o Jazz e o Mugham(estilo tradicional de improvisação do Azerbaijão), com a musica clássica e o jazz avant-garde.
O nome do seu quinto álbum Jazzizza, é o seu próprio sobrenome que seu pai lhe chamava quando era pequena. O álbum é assim uma homenagem ao seu pai.
Patricia Barber, (Chicago, 8 de novembro de 1956) é uma das cantoras de jazz mais aclamadas pela crítica desde finais do século vinte.
O estilo de Patricia Barber afasta-se da corrente convencional de aproximação entre jazz e pop (embora goste de adaptar ao jazz composições pop), e aposta no risco e na inovação através da improvisação e elaboração do seu próprio material. A sua voz é escura, grave, e a sua música é caracterizada por uma atmosfera introspectiva, lenta, minimalista e muito atenta ao ritmo e à melodia.
Foi premiada com um Prémio Guggenheim Fellowship em 2003, em Artes Criativas - campo de Composição Musical.
Disse Patricia Barber de si mesma: "I probably would sell more records if I did things a different way, but then I wouldn't be happy."
Melody Gardot, nascida em New Jersey, 2 de Fevereiro de 1985 é uma cantora e compositora de jazz muito influenciada pelo blues e pelo jazz, de Janis Joplin, Miles Davis, Duke Ellington e George Gershwin, e da música latina, de Stan Getz e Caetano Veloso.
Aos 19 anos, foi atropelada por um automóvel enquanto andava de bicicleta. Este evento, apesar de trágico, levou ao seu reconhecimento como uma notável artista.
O início de sua carreira artistica foi motivada pelo seu médico, que estava preocupado com as sequelas do traumatismo craniano sofrido no acidente. Seguindo essa sugestão, Melody Gardot compôs e gravou algumas músicas enquanto se encontrava de cama, em convalescença, incapaz de caminhar. Como resultado, foi lançado o EP Some Lessons - The Bedroom Sessions. Seu primeiro álbum, uma continuação do EP, chama-se chama Worrisome Heart. Os outros álbuns chamam-se Live from SoHo, em 2009, e My One and Only Thrill, também de 2009.
Alguns críticos comparam-na a Nina Simone.
A nossa Maria João, nascida em Lisboa, em 27 de junho de 1956, é bastante conhecida pela sua flexibilidade e capacidade de improvisação vocal. Embora seja, normalmente considerada uma cantora jazz, a sua música incorpora uma mistura de folk, musica étnica, jazz moderno, e jazz avant-garde. E dependendo da inclinação temática da composição tambem aborda com a mesma facilidade a musica electrónica ou a musica sinfónica.
Embora seja o pianista Mario Laginha o seu principal colaborador, e com ele tenha alcançado os maiores êxitos, Maria João também já trabalhou com muitos músicos ao longo de sua carreira, incluindo Manu Katché, Trilok Gurtu, Bobby McFerrin, Wolfgang Muthspiel, Joe Zawinul, Ralph Towner, Dino Saluzzi e Kai Eckhardt.
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