FRANK SINATRA: SONGS FOR SWINGING LOVERS
Em meados dos anos 50, Frank Sinatra estava de volta ao auge não apenas de seu talento, mas dos tops musicais, desmentindo a máxima de F. Scott Fitzgerald: “Não existe uma segunda chance para os americanos.”
No final de 1955, novamente com o produtor Nelson Riddle, Sinatra planejou um disco com um sabor diferente.
O que surgiu dessas sessões, realizadas um mês depois de o cantor completar 40 anos, foi o oposto do trabalho anterior. Comparado com The Wee Small Hours e seu clima de bêbado-num-bar-às-duas-da-manhã, o eufórico Songs For Swingin’ Lovers! parece um passeio numa tarde ensolarada de domingo, literalmente transbordando de joie de vivre.
Sinatra está à vontade como nunca, ágil em “You Make Me Feel So Young”, cantando “How About You?” como se estivesse pedindo alguém em casamento ou piscando o olho, num jeito maroto, em “Makin’ Whoopee”.
Mas nada disso teria valor sem a gloriosa orquestração de Riddle. Reza a lenda que o seu insuperável arranjo para “I’ve Got You Under My Skin”, terminado às pressas na noite anterior à gravação, foi espontaneamente aplaudido pelos músicos durante a sessão, em 12 de janeiro de 1956.
Este álbum talvez esteja perto de ser o grande songbook americano. No entanto, os estudiosos mais atentos da música
pop podem reparar que há uma simetria nas 15 faixas que compõem os 45 minutos do disco. A arte de fazer canções de três minutos começa e termina nesta pequena maravilha.
ELLA FITZGERALD: SINGS THE GERSHWIN SONG BOOK (1959)
Em 1946, Norman Granz colocou Ella Fitzgerald, então com 28 anos, sob sua proteção, escalando a cantora para participar numa série de shows organizados por ele só com estrelas do jazz, conhecida como Jazz At The Philharmonic.
No entanto, a fama de Ella só se tornou incontestável quando Granz a contratou, pelo seu selo Verve, para fazer uma coleção de álbuns com a obra dos melhores compositores americanos – entre eles Richard Rodgers e Duke Ellington.
Se um pouco da malícia de Cole Porter se perdeu na interpretação de Ella Fitzgerald, e nem todas as músicas de
Rodgers e Hart mereceram a sua atenção, as melodias incomparáveis de Gershwin e o à vontade de cantar da diva foram feitos um para o outro.
A terna “Oh, Lady, Be Good!” é uma revelação, uma interpretação próxima às aulas de scat que Ella daria em seus shows durante anos; a lenta “Embraceable You” é, da mesma forma, envolvente. Mas é nas músicas rápidas que ela brilha.
O swing que Ella emprestava, sem esforço, a tudo o que cantava encontra o seu melhor em “Clap Yo’ Hands”, “Bidin’ My Time” e na deliciosa “‘S Wonderful”; vale ouro o tempero que ela acrescenta à contraposição quase clown, burlesco, dos versos de Ira Gershwin em “Let’s Call The Whole Thing Off”.
Riddle, no auge de sua criatividade depois de vários discos com Frank Sinatra, mostra-se inspirado.
Este álbum é a seleção definitiva da obra daquele que é, talvez, o compositor americano definitivo.
SARAH VAUGHAN: AT MISTER KELLY´S
Sarah Vaughan já era uma das mais adoradas divas do jazz quando fez uma temporada de uma semana no Mister Kelly’s,
um badalado clube de jazz de Chicago, no verão de 1957.
Ella Fitzgerald estava embrenhada cada vez mais no swing e Billie Holiday mergulhava no lirismo musical, e nenhuma cantora de jazz se comparava a Vaughan com sua voz impecável e sumptuosa sonoridade.
Cantora enorme, com total controle do timbre e da dinâmica, Sarah usava a sua rica voz de contralto como uma trompa, embelezando as melodias com uma imaginativa estrutura de composição, típica dos melhores improvisadores instrumentais do jazz.
Conhecida como “Sassy” devido à sua irreverência, Vaughan foi uma peça-chave na criação do bebop, embora nem sempre
receba esses créditos.
Funcionava melhor quando acompanhada por poucos músicos e nunca cantou com um trio tão bom como este que levou para o Mister Kelly’s, composto pelo subestimado pianista Jimmy Jones, o monstro do baixo Richard Davis e o moderno baterista de jazz Roy Haynes, que fazia um contraponto perfeito para Vaughan com as suas entradas peculiares e luminosas.
Vaughan está inefável em “September In The Rain” e sensual em “Honeysuckle Rose”. Quando esquece a letra em “How High The Moon”, tem presença de espírito e oferece alguns improvisos em homenagem a Ella Fitzgerald. Álbum que foi reeditado em 1991 e que contêm o dobro das musicas do original.
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