"...jazz é como um estilo que pode ser aplicado a qualquer tipo de canção." Jelly Roll Morton
domingo, 18 de março de 2012
Cinco gravações notáveis no Village Vanguard
Para os musicos de jazz tocar no Village Vanguard é qualquer coisa de especial, para gravar existe um rito de passagem. Alguns conseguiram: cinco performances que fazem parte da história do Jazz.
Sonny Rollins, A Night At The Village Vanguard
Em 1957, Sonny Rollins estava no inicio do seu pico criativo, era já um improvisador magistral capaz de transmitir toda a sua musica com o máximo de virtuosismo. As gravações no Vanguard nascem num período que lhe é bastante favorável, numa altura em que encontrou o máximo de de liberdade num trio reduzido ao essencial do tenor, baixo e bateria, e os multiplos takes atestam essa fluente parceria.
O disco 1 é realçado por dois takes de "A Night in Tunisia", o primeiro gravado numa matiné com o baixista Donald Bailey e o baterista Pete Laroca, a segunda versão, mais rápida, no desempenho da noite com os seus acompanhantes regulares, o baixista Wilbur Ware e o baterista Elvin Jones. O segundo CD continua a performance atingida durante a noite com Ware e Jones. É um trio excepcionalmente talentoso, em que cada músico parece inventar novas maneiras de swingar, sem uma nota ou uma oportunidade musical desperdiçada. Rollins e Ware revelam a sua relação com Thelonious Monk na capacidade de arrastar a musica para fora das complexas inflexões rítmicas. É especialmente evidente na segunda versão de "Softly As In A Morning Sunrise". Neste contexto, Jones tem uma oportunidade de mostrar o quão melódico baterista era. As duas versões de "Get Happy" demonstram a capacidade de Rollins para fazer música complexa e inteligente do material mais banal, enquanto "What is This Thing Called Love" é um tour de force inventivo e segurado pelo grupo.
John Coltrane, Complete 1961 Village Vanguard Recordings
Coltrane tinha recentemente assinado pelo selo Impulse, quando o produtor Bob Thiele decidiu montar os equipamentos de gravação no Village Vanguard, em novembro de 1961. Foi um período crucial no desenvolvimento artístico de Coltrane, que não era estranho á controvérsia, mas a controvérsia que esta música extremamente radical despertou entre o público de jazz, foi um autêntico choque. Os críticos, incluindo aqueles que um ou dois anos antes haviam defendido Giant Steps e My Favorite Things, agora ridicularizavam a música como anti-jazz ou pior. Por certo esta é uma das fases mais desafiadoras do Coltrane pré-1965, mas é também uma musica cheia de incrível invenção e alegria, que todos os fãs de jazz de mente aberta devem tentar apreender.
Há mais de quatro horas de música aqui, com várias versões que estão entre as maiores gravações da carreira de Coltrane.
Bill Evans Trio, Sunday At The Village Vanguard
Esta gravação ao vivo pelo Bill Evans Trio no Village Vanguard em 25 de junho de 1961, marcou o fim de uma das combinações instrumentais mais sublimes da história do jazz quando o baixista Scott LaFaro morreu num acidente de carro 10 dias depois. É uma gravação que teve parto difícil porque Evans, um perfeccionista notório, estava relutante em registrar. O intercâmbio entre Evans no piano, LaFaro no baixo e Paul Motian na bateria é de recordar pela sua beleza emocional e precisão técnica. Os múltiplos takes de "Gloria's Step," "Alice in Wonderland," "All of You," e "Jade Visions" mostram a invenção que estes musicos trouxeram a cada performance fazendo com que cada repetição do material musical pareça um movimento de uma suite.
Art Pepper, Saturday night At The village Vanguard
Estas são as primeiras gravações ao vivo de Art Pepper. E são essenciais na colecção de qualquer fã de jazz.
Hoje em dia não existe um sax alto com o fogo e a paixão de Art Pepper, e estas gravações exemplificam isso, que era um musico incrivel e com um técnica muito pessoal. Comparações com Sonny Stitt, Sonny Criss, Phil Woods e Cannonball são inuteis. Todos eles seguiram "Bird" e descobriram o seu próprio som.
Nestes registos encontramos Pepper numa atmosfera relaxante com uma grande secção rítmica permitindo-lhe liberdade total de improvização: George Cables, George Mraz and Elvin Jones. Pouco antes de morrer, afirmou que era o melhor saxofonista vivo - talvez fosse. Como Bird uma vez disse "If you don't live it, it won't come out of your horn."
Certamente que Art Pepper o fez.
Thad Jones & Mel Lewis, Live at The Village Vanguard
Um álbum de jazz de referência, apresentando uma das grandes bandas top de todos os tempos. Composto pela fina nata dos músicos de jazz de Nova York, banda de Thad Jones/Mel Lewis contou com a escrita inspirada de Jones e a condução, swinging-like-hell da bateria de Lewis. O repertório era limitado, a maioria destas seleções podem ser encontradas noutros álbuns, nomeadamente nos The Village Vanguard Live Sessions #3 e no Potpourri.
Musica de muita classe, e com um swing que não deixa ninguém indiferente.
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