quinta-feira, 22 de março de 2012

O regresso de Dexter Gordon.

"O jazz está morto." Dizia Miles Davis, no início dos anos 70.
A casa onde Louis Armstrong cresceu, em New Orleans, foi demolida em 1964 e deu lugar a uma esquadra da polícia; o Lincoln Gardens, clube onde "Satchmo" tocou com King Oliver nos anos 30, deu lugar a um empreendimento residencial; a maior parte dos clubes onde Charlie Parker ou Lester Young tinham tocado encerraram também as portas; o famoso Cotton Club, de Nova Iorque, onde Duke Ellington gravara e descobrira pela primeira vez o seu som, tambem encerrara as portas; assim como o Savoy, o Birdland, o Five Spot e o Hickory House o ultimo club da 52 Street. Mais indicativo: os lucros da venda de discos de jazz representava um volume de vendas de apenas 3% da industria fonográfica, quando nos anos 30 chegara a atingir os 70%. Teria Miles razão? O jazz estava realmente morto? Muita gente que não gostava de jazz pensaria que sim, quando em 1976 Dexter Gordon, voltou aos EUA, depois de uma longa ausência de 15 anos na Europa, onde o jazz ainda possuía algum culto. O seu regresso deu-se no Village Vanguard. A presença em palco daquele saxofonista negro, alto, carismático, tocando jazz acústico como nos bons velhos tempos, arrebatou a plateia logo nos primeiros acordes e retirou todas as duvidas sobre qual a recepção que poderia ter. Desse espectáculo resultou um álbum, muito a propósito chamado de Homecoming, e cujas vendas animaram as gravadoras a retomar o filão. Um dos nomes que se seguiram foi o de Wynton Marsalis, que se desligou dos Jazz Messengers de Art Blackey. O seu sucesso abriu as portas a outros jovens musicos nas décadas de 80 e 90, Christian McBride, Lewis Nash, Steve Coleman, Joe Lovano, Cassandra Wilson e Joshua Redman foram todos figuras importantes no ressurgimento e desenvolvimento do género.

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