quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O expoente máximo do Jazz vocal feminino.

BESSIE SMITH
A Imperatriz do Jazz, poeticamente e sem poupar exaltantes adjectivos, é a aurora mais luminosa da musica negro-americana: voz de timbre profundo, quase abstracto, é a imaginação de melodias evocativas de todo o passado negro-americano. É inseparável de todo um sentido sombrio e trágico. Bessie Smith canta um povo como Homero canta a Greçia, como Dante canta o Renascimento, ou como Camões canta o povo Lusitano. Está para a musica americana como James Joyce está para a literatura do seculo XX. Voz imortal, o grito lírico dos escravos.

ELLA FITZGERALD
Ella é conhecida como "A Primeira Dama da Canção". É quase unânime entre amantes do jazz considerá-la como a melhor cantora de todos os tempos (embora muita gente possa votar em Billie ou Sarah). A intensa delicadeza da eternidade feminina, fresca, insinuante, sensível. Possuía uma técnica nobre e madura com influências bop e uma dicção perfeita, pode-se sempre perceber cada palavra que canta, e ninguem jamais a superou na técnica do "scat". As suas gravações com a orquestra de Chick Webb são de superior qualidade, mas é a cantar Gershwin com Ellis Larkins ao piano que se nota o seu estilo definitivamente dominador e avançado.
 

  BILLIE HOLIDAY
Lady Day era uma figura imponente do "blues". É a cantora mundana, maldita e que personifica a erotização do Jazz. A sua sexualidade exaltada e a sua beleza misteriosa surgiram no mundo do jazz como uma bomba. A musica incarnava toda a vida marginal e violenta que levava: a droga, a prostituição, a imoralidade e devassidão, que o sistema capitalista americano perseguiu, sem tréguas e de uma forma abominável. Billie Holiday é a primeira grande artista underground americana, estrela da beat-generation e todos os movimentos antitotalitaristas do mundo. A sua voz maravilhosa nunca deverá ser separada de um contexto duro, pouco apaziguador, revolucionário, mas que no entanto soa sempre, e eternamente, contagiante.

 SARAH VAUGHAN
"The Sassy One". Possuidora de uma das vozes mais maravilhosas do seculo 20, fica por vezes a impressão quando se ouvem as suas canções, que poderia fazer tudo o que quisesse com a sua voz: é impressionante a sua técnica, o vibrato perfeitamente controlado, e a sua grande capacidade expressiva. Sarah Vaughan foi uma das primeiras cantoras a incorporar o fraseado bop no seu canto e a pô-lo a um nível só ao alcance de ser acompanhado por artistas da craveira de Charlie Parker ou Dizzie Gillespie. Conseguia swingar quase todos os instrumentos e a sua grande capacidade para fazer scat só era superada por Ella Fitgerald. O legado de Sarah Vaughan como artista será muito dificil de igualar no futuro.
 

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